Page 146 - REVISTA DO TRT3 Nº 101
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O grupo Women in Film aponta a ausência de diretoras como
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um dos fatores que fortalecem o comportamento machista nos sets
e impactam nos casos de assédio sexual. De 866 filmes produzidos
em Hollywood, entre 2002 e 2014, apenas 4,1% foram dirigidos por
mulheres, conforme estudo da Universidade Annenberg, na Califórnia.
Em 10 de outubro de 2017, por ocasião dos escândalos que explodiram
em Hollywood, a organização apresentou três medidas urgentes para
o combate ao assédio, sendo elas: inclusão de mulheres nos conselhos
e comitês gestores das empresas e produtoras cinematográficas;
estabelecimento de práticas inclusivas de contratação de funcionárias,
que garantam oportunidade de trabalho inclusive em cargos de chefia
e, por fim, o real empenho das empresas na investigação e punição de
práticas de assédio.
Necessário reconhecer que a postura da indústria cinematográfica
tem mudado após a explosão dos casos de assédio moral e sexual
no meio artístico nos últimos anos. Diversos assediadores têm sido
responsabilizados pelos seus atos, sendo dispensados. Também se
percebeu uma mudança na postura das emissoras brasileiras, que, após
denúncias de assédio moral e sexual, optaram por afastar publicamente
os assediadores.
Isso posto, após a revelação da cultura do assédio em Hollywood
e no meio artístico brasileiro, é certo que as coisas nunca mais serão
como antes; novos casos de assédio moral e sexual envolvendo artistas
não serão mais tratados da mesma maneira, bem como as indústrias do
entretenimento não serão mais coniventes com esse tipo de situação
que ocorre nos bastidores do show business e tem relação com o mundo
do trabalho.
20 WOMAN IN FILM. Disponível em: https://womeninfilm.org/advocacy/research/. Acesso em: 10
ago. 2020.
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v. 66, n. 101, p. 131-149, jan./jun. 2020