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84Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v. 70, n. 110, p. 65-96, jul./dez. 2024nos oferece, por mais neutros ou objetivos que pareçam, talvez não se desconectem dos elementos subjetivos que perpassaram sua origem. Nesse sentido, estão presentes.Por outro lado, não se pode contestar, de fato, que a IA seja obra humana. Aliás, também por isso, como eu dizia, ela pode recolher emoções, que inspiraram razões, e até mesmo reproduzi-las em nós.Mas não haverá um elemento humano em tudo o mais que chamamos de “artificial”28? Vejam que esta palavra tem o sentido originário de “feito com arte”, sendo arte o sinônimo de “talento, saber, habilidade”29.- alguns de nossos atributos.Vejam que, no fundo, copiar e colar é o que todos fazemos, a cada instante, usando os mais variados elementos que encontramos no caminho - ou que já estão estocados em nossas lembranças. Seria bom notar, também, que há décadas se admitem vários tipos de inteligência30; não poderíamos acrescentar mais um?Consultei o próprio ChatGPT a respeito. Na verdade, se não tivesse vindo da máquina, mas de alguém de carne e osso, não teríamos dúvida em encontrar em sua própria resposta um traço de inteligência.Eis o que ele me respondeu, com os grifos originais:Depende do que você entende por “inteligente”. Eu sou capaz de aprender padrões a partir de enormes quantidades de informação, raciocinar de forma lógica, explicar conceitos, criar ideias novas e adaptar respostas ao contexto da conversa. Nesse sentido, muita gente me consideraria inteligente.E prosseguiu, ressalvando:• Mas minha inteligência não é como a humana:• Eu não tenho consciência, emoções ou desejos próprios.28 Uma grande amiga - Tallu Fernandes, poeta e mestra do Direito - observou-me, com razão, que o próprio trabalhador é artificialmente transformado em mercadoria, quando se aliena na linha de montagem... 29 MACHADO, José Pedro. Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. Lisboa: Confluência, 1952, vol. 1, pp. 259/260 30 A Teoria das Inteligências Múltiplas foi desenvolvida pelo psicólogo Howard Gardner, na década de 1980. GARDNER, Howard. A teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. São Paulo: Objetiva, 1996.

