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                                    Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v. 70, n. 110, p. 189-214, jul./dez. 2024200envolvidos sistemas automatizados que operam em larga escala. Essa ausência de regulamentação pode levar a um cenário em que decisões automatizadas sejam tomadas com base em dados comprometidos ou sem a supervisão humana adequada, agravando os problemas de privacidade.O impacto desses riscos não se limita às partes diretamente envolvidas nos processos. A confiança pública no sistema judicial também pode ser severamente abalada. Quando dados judiciais são vazados ou mal utilizados, a percepção da sociedade sobre a capacidade do Judiciário de proteger informações sensíveis é prejudicada, o que pode levar ao aumento do ceticismo em relação à digitalização e à modernização do sistema de justiça. Essa desconfiança pode, por sua vez, reduzir a disposição das pessoas de buscar soluções judiciais para seus conflitos, comprometendo o acesso à justiça.Para mitigar esses riscos, é essencial que o uso de IA no sistema Judiciário seja acompanhado por políticas de segurança robustas e pela implementação de medidas técnicas e organizacionais que garantam a proteção da privacidade de dados processuais. Entre essas medidas, destacam-se a criptografia de dados, a anonimização de informações sensíveis, o controle rigoroso de acesso aos sistemas e a criação de mecanismos de auditoria que permitam monitorar e revisar o funcionamento dos algoritmos. Além disso, é imprescindível que o desenvolvimento e a aplicação de sistemas de IA no Judiciário sejam orientados por princípios éticos e jurídicos que priorizem a transparência, a responsabilidade e o respeito aos direitos fundamentais.Em suma, o uso inadequado de IA no Judiciário pode comprometer gravemente a privacidade de dados processuais, acarretando vazamentos, acessos não autorizados e tratamentos inadequados de informações sensíveis. Esses riscos reforçam a necessidade de uma regulamentação específica e de medidas de segurança rigorosas para garantir que a tecnologia seja usada de forma ética e responsável, protegendo os direitos das partes e preservando a confiança no sistema de justiça. 6 SUGESTÕES PARA UM USO RESPONSÁVEL E PROTEGIDO DA IA NO JUDICIÁRIOA adoção ética e segura da Inteligência Artificial (IA) no sistema judicial brasileiro requer a implementação de princípios e boas práticas que assegurem a preservação da privacidade de informações, a clareza nos processos e a conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados 
                                
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