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Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v. 70, n. 110, p. 189-214, jul./dez. 2024201(LGPD). Devido à sensibilidade dos dados manipulados no âmbito judicial, é imprescindível que a aplicação da IA seja respaldada por um conjunto de providências técnicas, organizacionais e normativas que garantam o equilíbrio entre inovação tecnológica e a salvaguarda dos direitos fundamentais dos envolvidos (Carvalho; Silva, 2021).Um dos pilares mais relevantes para o uso responsável da IA no Judiciário é a transparência. Para que as ferramentas automatizadas sejam confiáveis e eticamente aceitáveis, é essencial que seu funcionamento seja compreensível para operadores do direito, partes processuais e supervisores humanos. Isso demanda a adoção de estratégias que promovam a inteligibilidade dos algoritmos, permitindo que as decisões automatizadas sejam verificáveis e justificáveis. Sistemas de IA voltados à triagem processual, por exemplo, devem ser estruturados para fornecer relatórios detalhados sobre os critérios empregados na classificação dos casos e os dados analisados. Dessa forma, magistrados e demais profissionais podem avaliar a precisão e a imparcialidade dos resultados gerados, conferindo maior legitimidade às decisões (Carvalho; Silva, 2021).Além disso, a divulgação de diretrizes claras sobre a utilização de IA no Judiciário pode fortalecer a confiança da sociedade na tecnologia. Essas diretrizes devem detalhar os objetivos dos sistemas, as informações utilizadas, os métodos de aprendizado dos algoritmos e as barreiras de segurança aplicadas. A transparência não apenas resguarda os direitos das partes, mas também reforça a credibilidade do sistema judicial, assegurando que a automação seja compreendida e aceita pela sociedade (Martins, 2021).Outro fator essencial para a adoção responsável da IA no Judiciário é a auditabilidade dos sistemas. Para assegurar que as ferramentas automatizadas estejam em conformidade com a LGPD e os princípios de justiça e equidade, é necessário instituir mecanismos que possibilitem a revisão contínua de seus processos. Auditorias periódicas, conduzidas por especialistas independentes, podem detectar possíveis inconsistências nos algoritmos, como tendências discriminatórias ou falhas no tratamento de dados. Além disso, a implementação de registros detalhados das decisões automatizadas, documentando as etapas seguidas pelos sistemas na análise e processamento das informações, é indispensável para corrigir imprecisões e ampliar a confiabilidade das soluções tecnológicas (Silva; Pereira, 2020).A conformidade com a LGPD é imprescindível para garantir a proteção dos dados pessoais no emprego da IA no Judiciário. Os sistemas

