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Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v. 70, n. 110, p. 189-214, jul./dez. 2024197de decisões, por exemplo, podem reduzir o tempo necessário para a movimentação dos processos, proporcionando respostas mais rápidas às demandas da sociedade (Aguiar; Soares; Silva, 2024).Além disso, a IA oferece economia de recursos. Com a automação de tarefas manuais e repetitivas, é possível reduzir os custos operacionais, como o tempo gasto por servidores em atividades burocráticas e administrativas. Essa economia pode ser redirecionada para outras áreas prioritárias do Judiciário, como treinamento de pessoal, modernização de infraestruturas e desenvolvimento de ferramentas de tecnologia mais avançadas. Outro aspecto positivo é o potencial para promover a uniformidade nas decisões judiciais. A IA, ao analisar grandes volumes de dados e identificar padrões em decisões anteriores, pode ajudar a garantir maior consistência na aplicação da jurisprudência, minimizando disparidades regionais ou subjetivas. Isso pode fortalecer a segurança jurídica e aumentar a confiança da sociedade no sistema de justiça (Criveletto; Prudêncio; Santos, 2024).Apesar dos benefícios, o uso de IA no Judiciário apresenta limitações significativas que não podem ser ignoradas. Uma das principais preocupações é a parcialidade algorítmica. Os sistemas de IA dependem de dados para sua programação e operação. Se os dados utilizados forem enviesados ou incompletos, os algoritmos podem reproduzir ou até amplificar esses vieses, resultando em decisões discriminatórias ou injustas. Por exemplo, em casos que envolvem análise preditiva de decisões judiciais, a IA pode perpetuar desigualdades históricas, como aquelas baseadas em raça, gênero ou classe social, se não houver um controle rigoroso sobre os dados utilizados.Outro desafio importante é o risco de desumanização das decisões judiciais. O sistema Judiciário é fundamentado na análise individualizada de cada caso, levando em consideração fatores subjetivos e contextuais que muitas vezes não podem ser capturados por algoritmos. A automação excessiva de processos pode levar à aplicação mecânica da lei, desconsiderando nuances humanas que são essenciais para a justiça. Isso é especialmente preocupante em casos que envolvem direitos fundamentais ou questões altamente sensíveis, onde o julgamento humano é indispensável (Sampaio, 2023).A falta de transparência nos processos decisórios também é uma limitação significativa. Essa opacidade algorítmica dificulta a auditoria e o controle sobre os sistemas, levantando questões sobre a responsabilidade e a confiabilidade das decisões geradas por IA. Em um ambiente como o Judiciário, onde a transparência e a justificativa das decisões são princípios fundamentais, essa limitação representa um obstáculo sério.

