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[...] o fenômeno, no qual uma pessoa ou grupo de
pessoas exerce violência psicológica extrema, de
forma sistemática e recorrente e durante um tempo
prolongado - por mais de seis meses e que os ataques
se repitam numa frequência média de duas vezes na
semana - sobre outra pessoa no local de trabalho, com
a finalidade de destruir as redes de comunicação da
vítima ou vítimas, destruir sua reputação, perturbar a
execução de seu trabalho e conseguir finalmente que
essa pessoa ou pessoas acabe abandonando o local de
trabalho. (LEYMANN, 1996, p. 121).
Leymann (1996, p. 31) ainda distinguiu “mobbing” de “bullying”
sugerindo que se reservasse o termo “mobbing” para o comportamento
de agressão dos adultos no trabalho, caracterizado por uma grande
violência psicológica, e que se utilizasse o termo “bullying” para a
violência praticada pelas crianças e jovens na escola, marcada por atos
de agressão física.
Desta forma, Leymann foi o primeiro estudioso a aprofundar o
evento do assédio moral e a optar pelo uso do termo “mobbing”, cujo
vocábulo oferece a denominação precisa à classificação dos relatos
feitos pelas vítimas das situações que tinham passado ou ainda estavam
passando devido ao terrorismo psicológico realizado de forma reiterada
e continuada no tempo por um indivíduo ou grupo de pessoas.
Jungido a tais contribuições, temos a definição de “mobbing”,
que quer dizer assediar, atacar, agredir e revela termo utilizado pelo
zoólogo, etólogo e ornitólogo austríaco Konrad Lorenz para definir
o comportamento agressivo de certos animais que, ao cercarem
ameaçadoramente um membro do grupo, afugentam-no em razão do
medo de serem atacados.
Na mesma linha, a psiquiatra francesa Marie-France Hirigoyen fez
importante estudo sobre o tema (“le harcèlement moral”) em sua obra
Assédio Moral - A Violência Perversa do Cotidiano, tendo dado forte
contribuição para a doutrina brasileira sobre o tema.
Para Hirigoyen (2009, p. 32), o termo “assédio” é utilizado como
sinônimo de ataques constantes e repetidos que ameaçam a integridade
psicológica da pessoa a quem são dirigidos, enquanto que o termo
“moral” é cunhado no sentido de posição que pretende assinalar os
comportamentos que não são aceitáveis na vida em sociedade, pois
Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v. 66, n. 101, p. 105-129, jan./jun. 2020