Page 260 - REVISTA DO TRT3 Nº 101
P. 260

260


          Comentário*

               Uma  alegria  e  uma  honra  enormes  tomaram  conta  de  mim
          quando recebi o gentil convite da Escola Judicial do Tribunal Regional
          do Trabalho da 3ª Região, dirigido pela Ex.  Desembargadora Camilla
                                                  ma
          Guimarães Pereira Zeidler, através de seu Juiz Coordenador Acadêmico,
          Dr. Cleber Lúcio de Almeida, para comentar duas decisões precursoras
          da lavra da Professora e Magistrada Alice Monteiro de Barros, sobre
          assédio moral e assédio sexual.
               Não pelos temas, em absoluto, ambos frutos da nossa condição
          humana, muitas vezes sujeita a abusos. Mas pela honra de participar
          de uma edição da Revista da nossa prestigiada Escola Judicial do E.
          TRT da 3ª Região, referência no estudo do Direito e do Processo do
          Trabalho e, sobretudo, por uma questão pessoal que me permito aqui
          mencionar.
               A  Professora  Alice,  que  conheci  no  início  dos  anos  90,  ainda
          nos bancos da Faculdade de Direito da UFMG, inspirou-me sob vários
          aspectos. Suas aulas me fizeram gostar do Direito do Trabalho e entender
          a importância dele para a cidadania. A dedicação da Professora a tal
          ramo do Direito e à Magistratura do Trabalho, que ela honrou de forma
          ímpar, criou em mim a vontade de me dedicar ao Direito do Trabalho
          em minha vida profissional.
               Os  anos  se  passaram  e,  já  Magistrada  e  amiga  da  Professora
          Alice, tantas outras vezes faria dela meu modelo de jurista.
               Ela  era  uma  estudiosa  do  Direito:  afirmava  que  todos  os  dias
          estudava  uma  hora,  pelo  menos  (e  eu  pensando:  “Mas  ela  já  sabe
          tudo...”)  e  não  temia  o  novo.  Tanto  é  que  foi  uma  das  primeiras
          Magistradas mulheres em nosso país e, nessa condição, atuava de uma
          forma incrivelmente firme, embora quem a olhasse no fundo dos olhos
          perceberia uma ternura encantadora.
               Suas decisões, muitas vezes precursoras, eram a prova disso.
               As  duas  que  estamos  a  comentar,  v.g.,  tocam  em  temas
          importantes e tormentosos, mas que a Professora Alice enfrentou muito



          *   Comentário feito por Adriana Campos de Souza Freire Pimenta, Juíza do Trabalho Titular da 34ª
            Vara do Trabalho de Belo Horizonte/MG, Mestre em Direito Político e Econômico e Especialista em
            Direito e Processo do Trabalho pela Universidade Presbiteriana Mackenzie/SP.


                Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v. 66, n. 101, p. 235-263, jan./jun. 2020
   255   256   257   258   259   260   261   262   263   264   265