Page 255 - REVISTA DO TRT3 Nº 101
P. 255

255


                    A menção ao recebimento de comissões na transcrição da fita
               K7 de f. 28/43 não serve como prova, por se tratar de afirmativa da
               própria autora.
                    Nada a prover.

                    Horas extras

                    Segundo a inicial, a autora deveria cumprir o horário das 10h às
               16h, com quinze minutos de intervalo. Acrescenta a reclamante que o
               reclamado exigia sua chegada antecipada para organizar a loja, motivo
               pelo qual postula o pagamento desse lapso como extra. Também esse
               fato foi negado pelo reclamado, na defesa.
                    A  testemunha  arrolada  pela  autora  (f.  46)  confirmou  essa
               alegação, asseverando que a autora deveria estar na loja às 09h30min.
               O MM. Juízo de primeiro grau considerou contraditória essa informação,
               porque  a  testemunha,  ao  final  do  depoimento,  mencionou  que  a
               jornada cumprida pela reclamante fora consignada nas folhas de ponto
               corretamente. Segundo o julgador, os registros lançados nessas folhas de
               ponto evidenciavam o trabalho no horário das 16h às 22h, contrariando
               frontalmente as informações da testemunha.
                    Na  verdade,  as  folhas  de  ponto  apresentadas  pelo  reclamado
               cobrem apenas os meses de junho a setembro de 2000. Sendo certo que
               a autora esteve em licença maternidade a partir de agosto/00, resta claro
               que o reclamado apresentou os registros de ponto referentes a apenas
               dois meses, ao passo que a prestação de serviços desenvolveu-se entre
               junho/99  e  janeiro/01.  Considero,  por  isso,  que  a  prova  testemunhal
               produzida  pela  autora  não  contém  contradição  alguma  a  respeito
               da jornada, até porque a referida testemunha mencionou o fato de a
               reclamante ter trabalhado no segundo horário, das 16h às 22h durante
               um pequeno período, informação coerente com os registros de ponto já
               mencionados.
                    De  outro  lado,  não  podem  ser  consideradas  as  informações
               prestadas pela testemunha arrolada pelo reclamado. Sustentou ela que
               a autora trabalhou das 16h às 22h, contrariando os fatos narrados na
               própria defesa, que admitiu o trabalho no primeiro horário (10h às 16h)
               no primeiro ano do contrato.
                    Considero,  por  isso,  que  a  reclamante  desincumbiu-se  do
               encargo de provar o labor das 09h30min às 16h, desde a admissão, em



                     Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v. 66, n. 101, p. 235-263, jan./jun. 2020
   250   251   252   253   254   255   256   257   258   259   260