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                                    Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v. 70, n. 110, p. 259-303, jul./dez. 2024271[...] sabemos que embora as redes reais não sejam randômicas quanto viam Erdós e Rényi, acaso e aleatoriedade efetivamente desempenham importante papel em sua construção. As redes sociais não são estáticas, como eram todos os modelos teóricos de grafos até há bem pouco tempo. Pelo contrário, o crescimento exerce papel fundamental na modelagem de sua topologia. Não são tão centralizadas quanto a rede em estrela. Em vez disso, existe uma hierarquia de “hubs”, que assegura integridade dessas redes, um nó fortemente conectado seguido de perto por diversos nós menos conectados, acompanhados por dezenas de nós menores ainda. Nenhum nó central se interpõe no meio dessa teia de aranha, controlando e monitorando cada link e cada nó. Não existe um único nó cuja remoção pudesse desintegrar a rede.BARABÁSI observa ainda que o pensamento de rede estaria prestes a invadir, em 2002, quando lançou a sua obra de maior repercussão Linked, todos os domínios do conhecimento. Já pressentia ele que as redes eram, por sua própria natureza, “a urdidura dos sistemas mais complexos” e que, além disso, “[...] os nós e links impregnam profundamente todas as estratégias voltadas para a abordagem de nosso universo interconectado”.Neste momento o que nos parece relevante salientar, sobretudo, é, pois, o caráter cumulativo e expansivo da rede, ressaltado por tanto por Wellman8 como Barabási9. Na rede tudo tende a crescer sem escalas e de maneira não linear, às vezes até fora do controle aparente.Desse contexto emerge uma realidade social, política e econômica, que desafia uma nova forma de pensar o mundo.8 Fala-se da regra “quanto mais, mais”, que vigora na interação entre redes na internet; no sentido de que quanto mais se utiliza rede social-física, mais se utiliza internet; quanto mais se utiliza internet, mais se reforça a rede física Cfr. WELLMAN, Barry y GULIA, Mena in Barry Welmman, p. 331-366 apud Castels, 2002, p. 444. Há vários trabalhos disponíveis de Wellman e seu grupo em sua página virtual da Universidade de Toronto. Disponível em: http://groups.chass.utoronto.ca/netlab/. Acesso em: 25 maio 2017. 9 O modelo de “redes sem escala” foi formulado por Barabási. Seu modelo está baseado na regra ou fenômeno “rico-mais-rico” (rich get richer phenomenon), no mesmo sentido de Wellman. Isso significa que quanto mais conexões tem um nodo, mais oportunidades tem de ter outros. Nesse sentido, as redes não são igualitárias, pois há uma vinculação preferencial à mais usada. Cfr. Barabási, 2002, p. 79-82.
                                
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