Page 295 - REVISTA DO TRT3 Nº 101
P. 295

295


               de condutas abusivas por parte do empregador ou preposto, agredindo
               sistematicamente  o  empregado  e  provocando-lhe  constrangimentos
               e  humilhações,  com  a  finalidade  de  desestabilizá-lo  em  seu  aspecto
               emocional e excluí-lo de sua posição no emprego.
                    No caso dos autos, verifico que foram produzidas provas hábeis à
               comprovação do assédio moral, ônus que competia ao autor da ação, a
               teor do disposto no art. 818 da CLT c/c inciso I do art. 373 do CPC/2015.
                    A  respeito  do  assunto,  a  testemunha  ouvida  a  rogo  do  autor,
               Glauber Lúcio da Silva Oliveira, afiançou que:

                                     [...] o depoente ouvia dos técnicos do setor que todos
                                     recebiam a compensação, mas não o reclamante, que
                                     sofria  desconto  no  contracheque  nesse  aspecto;  que
                                     o  reclamante  já  contou  ao  depoente,  em  ocasião  na
                                     qual saíam juntos para fazer o serviço, que ele, autor,
                                     sofria o desconto da compensação; que o reclamante
                                     foi removido do setor, o que ocorreu antes da saída do
                                     depoente; que o reclamante foi mandado para a área
                                     da  secretaria  de  segurança;  que,  espontaneamente  e
                                     sem ser perguntado, o depoente informou que, antes
                                     de o autor ser removido para a área de segurança, o
                                     computador  respectivo,  que  era  sua  ferramenta  de
                                     trabalho, foi enviado para o Jardim Canadá, de modo
                                     que  o  reclamante  ficou  sem  computador,  gerando
                                     constrangimento,  pois,  a  partir  de  então,  o  autor
                                     passou a depender dos colegas que lhe emprestavam
                                     o  computador  para  trabalhar;  que  a  Srª  Raimunda
                                     era diretora de fiscalização de obras à época; que, no
                                     período em que o reclamante ficou sem computador,
                                     a  Srª  Raimunda  falava  que  só  o  reclamante  tinha
                                     compensação cortada e apenas seu computador havia
                                     subido, fazendo piadas com esses temas, de modo que
                                     o autor era perseguido; que o reclamante ficou sem o
                                     computador por cerca de 6 meses; que o computador foi
                                     removido, pelo que presenciou, por perseguição, sendo
                                     que todos na área falaram isso [...]. (id. 59bd815/f. 350).

                    A segunda testemunha indicada pelo autor, Greyce Kelly Amparo,
               afirmou que:


                                     [...]  a  depoente  fez  ação  para  receber  compensação
                                     de  33,3%  sobre  a  respectiva  remuneração,  na  qual
                                     obteve ganho de causa; que o valor foi implementado



                     Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v. 66, n. 101, p. 267-325, jan./jun. 2020
   290   291   292   293   294   295   296   297   298   299   300