Page 402 - REVISTA DO TRT3 Nº 101
P. 402

402


          corroborada pela constatação de que um vasto número de jogadores
          profissionais  encerra  prematuramente  suas  carreiras  em  decorrência
          de lesões oriundas de suas atividades profissionais, o que denota que a
          atividade desempenhada pelo reclamante era intrinsecamente perigosa.
          Não por outro motivo que a Lei n. 9.615/1998 prevê, em seu art. 45, a
          necessidade de contratação de seguro de vida e acidentes profissionais
          em benefício dos jogadores profissionais.
               Oportuno  destacar  que  os  atletas  profissionais  precisam  se
          expor aos riscos de lesões que resultam, pela própria natureza, de suas
          atividades laborais. Tal constatação, entretanto, não conduz à ilação de
          que os atletas assumem tais riscos, ao contrário do que quer fazer crer
          a reclamada.
               Acerca do tema, confiram-se os seguintes arestos do c. TST:

                                INFARTO  SOFRIDO  PELO  EMPREGADO.  NEXO  DE
                                CONCAUSALIDADE  COM  O  TRABALHO  COMO
                                JOGADOR DE FUTEBOL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO
                                EMPREGADOR.  INDENIZAÇÃO  POR  DANOS  MORAIS
                                DEVIDA.  AUSÊNCIA  DE  INCAPACIDADE  LABORAL
                                DECORRENTE  DO  ACIDENTE  DO  TRABALHO.  DANOS
                                MATERIAIS  NÃO  CARACTERIZADOS.  1.  Conforme
                                registrado pelo TRT, “[...] pretende o autor, na exordial,
                                que  seja  caracterizado  como  acidente  de  trabalho  o
                                infarto agudo do miocárdio ao qual foi acometido em
                                06.09.2006,  durante  treinamento  (corrida  leve)  que,
                                sob recomendação médica do 1º reclamado [Cruzeiro
                                Esporte Clube], realizava nas dependências do Centro
                                de  Treinamento  Toca  da  Raposa  II.”  2.  A  Corte  de
                                origem consignou que o autor é portador de doença
                                coronariana aterosclerótica, “[...] a qual é sobreposta e
                                agravada também por sua outra condição congênita de
                                ser portador de trombofilia por deficiência de proteína
                                C.”  Reconheceu  que  o  infarto  sofrido  por  autor  é
                                consequência  das  referidas  doenças  congênitas,
                                destacando, contudo, que “[...] a atividade laboral do
                                autor - prática desportiva profissional - foi concausa do
                                acidente  de  trabalho,  que  resta,  assim,  configurado,
                                uma  vez  que,  associando-se  à  patologia  congênita
                                do  autor,  contribuiu  como  fator  desencadeante  e
                                agravante do dano por ele sofrido.” Aplicou, assim, à
                                hipótese as disposições contidas no art. 21 da Lei n.
                                8.213/1991, relativas ao nexo de concausalidade. 3. E,
                                além de reputar configurado o exercício de atividade de



                Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v. 66, n. 101, p. 395-477, jan./jun. 2020
   397   398   399   400   401   402   403   404   405   406   407